Garrafas PET: da produção ao descarte

07 novembro 2017

garrafa PET já faz parte do nosso cotidiano, uma vez que é utilizada para embalar praticamente todos os líquidos, de remédios a bebidas. Pode também ser encontrada em outros tipos de embalagens e em outros setores da indústria, como o têxtil, que usa o material como matéria-prima para a fabricação de tecidos.

Mas, apesar de ser um produto 100% reciclável e de baixo custo de produção, a fabricação e o descarte inadequados fazem com que a garrafa PET represente um enorme perigo para o meio ambiente e para a saúde humana.

História

O PET é um tipo de resina termoplástica da família dos poliésteres, que é utilizado como fibra sintética, como matéria-prima de embalagens, e como resina para engenharia, em combinação com a fibra de vidro.

Patenteado em 1941 por trabalhadores da Calico Printers' Association, na cidade de Manchester, na Inglaterra, o PET foi utilizado pela primeira vez pela DuPont americana, para fins têxteis, no início da década de 1950. Apenas no início da década de 1970 é que o composto químico começou a ser utilizado na fabricação de embalagens.

No Brasil, o PET chegou apenas em 1988, também para aplicações na indústria têxtil. A partir de 1993 começou a ser utilizado na fabricação de bebidas e, por conta dos baixos custos de produção, praticidade e leveza, rapidamente tomou o lugar das garrafas de vidro retornáveis, bastante comuns na época.

Impactos Ambientais

O plástico, incluindo o PET, é o principal poluente encontrado nos oceanos. Em algumas regiões conhecidas como giros oceânicos - grandes sistemas de correntes marítimas “circulares” que funcionam como vórtices e relacionadas aos grandes movimentos dos ventos – a poluição é tão grande que alguns ambientalistas afirmam que o plástico já se tornou parte da composição do oceano.

Situações semelhantes já podem ser percebidas em outros lugares do mundo, como a região dos Grandes Lagos, na fronteira entre o Canadá e os EUA.

Outro grave problema são os microplásticos. Essas pequenas partículas, menores que cinco milímetros, possuem a capacidade de absorver compostos químicos tóxicos como os poluentes orgânicos persistentes (POPs). Ao ser ingerido por algum animal, o microplástico pode tanto matar por asfixia quanto por intoxicação pelos POPs.

A intoxicação causada pelos POPs é de caráter bioacumulativo e biomagnificado, o que significa que ao se alimentar de um animal intoxicado, o predador também passa a sofrer do mesmo problema. É um grave problema que pode afetar tanto o homem, que pode se alimentar de peixes contaminados, quanto o meio ambiente, podendo causar um desequilíbrio na cadeia alimentar.

Reciclagem

A cadeia de reciclagem possui um importante papel social no Brasil. É um ramo que envolve diversas cooperativas e pessoas carentes que fazem da coleta e venda de materiais recicláveis a sua principal, e em muitos casos, única fonte de renda.

Mesmo assim, a situação do descarte desse tipo de produto é extremamente preocupante. Estudos que analisam esse mercado apontam diversos problemas, como a má distribuição de cooperativas.

Existem no Brasil aproximadamente 500 empresas recicladoras que geram em torno de 11.500 de empregos e um faturamento anual de 1,22 bilhão de reais. O problema é que 80% dessas empresas se encontram apenas na região sudeste, o que aponta a fragilidade desse tipo de atividade no Brasil como um todo.

Outro grave problema é a carga tributária relativa a esse tipo de atividade. Enquanto o imposto sobre produtos industrializados (IPI) sobre a resina virgem é de 10%, a tributação sobre a matéria-prima reciclável é de 12%, criando um problema de bitributação (dois impostos sobre o mesmo produto). Cria-se então mais um empecilho para o desenvolvimento da reciclagem do PET.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), são reciclados, anualmente, cerca de 50% do produto descartado. Um número baixo, em comparação com a reciclagem de latas de alumínio que, segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas), já é superior a 90%, índice maior que o dos EUA, do Japão e da Europa.

Opção Sustentável

Mesmo com todos os problemas citados anteriormente, é possível lidar com as garrafas PET de maneira sustentável, e o upcycle é uma delas. Designers já criaram produtos como carregadores de celular, luminárias, banquetas e até mesmo calças jeans utilizando esse tipo de material.

Você também pode fazer upcycle! Para saber como acondicionar seus alimentos utilizando garrafas PET, leia nossa matéria especial e visite nossa seção Pegue Leve.

As embalagens retornáveis, tanto as de vidro, quanto modelos feitos com PET, estão voltando. E elas são excelentes alternativas para o uso excessivo de garrafas descartáveis.

__
Fonte: ecycle.com.br